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A Cia. Damas em Trânsito e os Bucaneiros começa a comemorar seus dez anos de atividades com uma mostra de seus trabalhos, que se inicia neste final de 2015 e que terá continuidade em 2016.

Ponto de Fuga, escolhido para abrir a mostra, é o espetáculo que lançou a companhia. Na atual temporada, está sendo revisitada em clima intimista, na casa do pintor e escultor italiano Gaetano Miani (1920-2009), novo espaço cultural do bairro paulistano de Santo Amaro. O projeto arquitetônico da casa, de 1962, é do arquiteto Paulo Mendes da Rocha, com paisagismo que contou com a colaboração de Burle Marx.

O espetáculo marca o início da companhia Damas em Trânsito, fundada em janeiro de 2006 por Alex Ratton e Laila Padovan, no bairro do Bixiga. Ponto de Fuga estreou em 2008 e surgiu como resgate das lembranças dos integrantes do grupo. Nesta revisitação da obra, que une dança e música, a memória continua como ponto de partida.

Cada bailarino toca um instrumento: Carolina Callegaro, Ciro Godoy e Larissa Salgado estão na percussão, Clara Gouvea no violino e Laila Padovan no acordeon. O pianista Rafael Montorfano orquestra tudo. A trilha reúne músicas populares marcantes para cada intérprete.

Segundo o diretor do espetáculo e da companhia, Alex Ratton, em Ponto de Fuga os intérpretes-criadores se colocam em risco ao realizar composições e criações em tempo real da cena, por meio de uma escuta sensível. “No fluxo entre música e dança, memórias do corpo emergem no jogo da improvisação”, diz Ratton. Ponto de Fuga fala sobre estabilidade e instabilidade, velocidade de transformação do ser e do ambiente que habita. Os espaços, fatos, sons, sensações, movimentos e o leitmotiv (motivo condutor) que emergiram na pesquisa são materiais de criação reorganizados em cena. Ao olhar para o universo pessoal dos integrantes, a companhia transforma experiências subjetivas em movimentos.

Desde que surgiu, a Cia. Damas em Trânsito e os Bucaneiros se propõe a levar arte para um público flutuante, com liberdade de movimento. Seu espetáculo Duas Memórias (2010), inspirado na obra de Chiquinha Gonzaga, por exemplo, foi apresentado em pontos históricos de São Paulo, como Estação da Luz e Pateo do Colégio. O anterior, Puntear, foi encenado em espaços não convencionais do Rio de Janeiro, Curitiba e São Paulo, como o Museu do Ipiranga.